quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Insônia

A distância silenciosa do olhar mistura-se em festa a minha dor.
Eu equilibrista sobre a linha do horizonte, tentando atravessar o vazio de cada minuto, o abismo da incerteza.
Um monólogo compartilhado com a solidão companheira alimenta a tristeza e a insônia, enquanto um pedaço de desespero descansa sobre o prato da insanidade, regado pelo fel de cada ausência.
Vivo pela doce morte do eu, na esperança plácida de um breve rasgo de luz.
Como seria bom morrer!
Se teu corpo sugasse minhas forças...
Se teu fogo me fizesse as cinzas de uma sombra que se deixou encantar pelas chamas.
Como seria bom morrer!
Onde a morte fosse um delírio... um estado de choque eterno... um tremor incontido no corpo... e a alma escorresse lenta como fruto de uma explosão.
Como seria bom morrer!
Se o último ato fosse um beijo... um abraço nos sepultasse em suspiros...e os sussurros compusessem acordes com gemidos.
Mas porque vivemos, não morro.
Não sonho o céu e seu azul, para viver o tormento desta quietude inquieta, que me arrasta cativo pelas veredas ermas da imaginação.
Como seria bom morrer!
Se teus braços fossem sepulcro em flor... e teu cansaço caísse ao meu lado discaradamente feliz... sem culpas... sem dores... sem nada... como seria bom.

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