terça-feira, 23 de julho de 2013

Embriaguez


Olho pela janela, deixo-me arrastar pela brisa fria da tarde...um convite de minhas lembranças.

        Então me embriago com teu perfume... já não sei se é teu sorriso ou teu olhar de uma doce malícia, o veneno que me faz tremer por dentro... a boca seca... uma febre incontida aquece meu corpo e o coração dispara...

Ah! Essa tua boca molhada... fonte onde sequioso desejo me afogar lentamente, num beijo suave e profundo.

A blusa entreaberta me descortina o prazer de deslizar por teus seios... deter-me nos teus mamilos como alguém que lentamente suga de tua’lma a vida.

Deixa-me pouco a pouco desnudar-te com os olhos... e sentir-te ofegante num bafejo quente quando te tocar as costas e como lobo que corre em círculos, rodear-te para beijar teu pescoço.

Saltamos no espaço na aragem macia do inverno... lanço-me atrevido entre tuas coxas, para encontrar-te uma fonte, onde brote o elixir de minha insensatez... loucura que me entorpece, nos enredos do teu prazer.

E assim, os minutos escoam como a areia de numa ampulheta, carregando-nos por entre os gemidos... descobrindo-nos em gestos e toques... pulsando juntos, bailando como o mar tocando a praia.

O crepúsculo que invade o quarto com seus raios lilases rompe a penumbra, qual o derramar de nós dois... uma cascata que deságua no lago toda expressão de sua força... a lufada que sopra em fúria o campo... entrecortada por nossos sussurros despudorados.

Então tu te abandonas em meus braços enquanto repouso meu cansaço em tua boca... sem hora para sair... sem um lugar para onde ir... errantes por entre sonhos... perdidos entre os lençóis.

Um pingo brota do céu cinzento e escorre dengoso como teu trejeito, enquanto eu torno a mim mesmo... e percebo que a chuva mesclou-se às minhas lágrimas... na saudade de te encontrar... de me embriagar novamente com as notas do teu perfume perdido no ar.

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