Esgueiro-me pelos
caminhos, cercado de lembranças, fugidio como quem se evade da vida tentando
chegar a lugar nenhum,
Então tua boca sorri,
e eu me perco entre o ódio e o amor.
Choro e grito em
silêncio, no canto em penumbra do meu pensamento, onde ninguém vai me
incomodar, porque são só personagens que povoam os devaneios de meu espírito.
Bebo o calor do café
como se sorvesse teu gozo, e parece que ouço as notas desconexas de teus
gemidos.
Quero correr pelas
veredas, subir os píncaros gélidos, para que o afago do vento apague esta flama
inclemente, mas meu corpo esculpe a recusa, como um eufemismo para minha
fraqueza.
Um abandono pleno que
me deixa prostrado sobre a cadeira, lendo na distância as notícias que o tempo
desenha sobre o horizonte, nos passos e gestos das pessoas, nas ruas, nos
jardins... em todo lugar.
E nessa quase morte,
os acordes de uma guitarra me oferecem socorro... não me dizem nada... só me
carregam em seus braços e me permitem vagar por entre os sentimentos que
estendem, como roupas na janela da alma.
A música não me
questiona... não me pergunta por onde vagueiam meus olhos... ela apenas me
entende e me faz companhia enquanto agonizo na paz de um amor...nesse doce e
terrível abandono.
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