A travessura do teu
olhar abraçou-se com teu sorriso e fez do meu coração retalhos.
E
assim, lépida como a corsa que atravessa os campos, conquistas o olhar das
árvores que te bafejam a aura refrescante.
Eu
me revolvo na caverna de meus sonhos, me perco na melancolia das horas,
escondido na quietude de uma febre que me consome o peito.
Meu
grito emudece fleuma que me entorpece, quando os olhos do mar bordam de
turquesa o ar, enquanto o céu luta contra o rubor de suas faces, quando passas
pela vida desfilando tua alegria.
A
verve que me embala os passos, rouba docemente o vigor do sorriso e o choro
contido, liberta uma lágrima elegante que me rega a face.
Por
que? Por que? Por que?
Já
não quero entender a razão que me atormenta e compraz, essa relação que me
fustiga o prazer e me delicia com dor.
É
terrível, mas inspirador.
É trágico, porém, como
uma droga inebria.
Castiga, entretanto dá
asas.
E porque consome, dá
vida às fantasias, desfilando cenários e personagens, sentimentos e gestos,
banhados de perfumes, cores, gostos e sons.
Tentar entender é
loucura, pois só se pode sentir, sentir e viver essa aventura, que me desmancha
em palavras, e me constrói na mente alheia.
Ela brinca comigo nos
dias... até que as noites me matem e me façam renascer.