terça-feira, 19 de novembro de 2013

Às Antigas

     O sopro frio vespertino, cochicha a manhosa madorna que me toma o corpo, brigando com a inquietude da mente... onde andará o perfume que embriagou os olhos quando se contrapôs à luz pálida do quarto?
      Como paga me deixou a saudade e saiu como chegou... em silêncio... sorrateira como uma folha que pousa suave sobre a grama molhada.
     Sequer se importou com o olhar silente que beijava o horizonte e a lágrima contida como um sentimento que se esconde atrás da cortina... onde está o sussurro que espalhou pelo ar o arrepio de um beijo, toda a provocação dos sentidos?  
            Ainda posso desenhar em meu sonho a doçura daquele momento... perdido entre as árvores lá fora... como se buscasse completar uma obra irretocável... no afã de reencontrar o caminho para aqueles braços.
            A chuva já não pode imitar teus beijos que me molharam a boca... o tempo quedou-se quieto para me permitir ficar ali... na penumbra do teu aconchego... esquecido da vida, num delírio em azul... como céu noturno em festa.
            A tarde então se vai... como a vela que se perde na imensidão das curvas do mar... levando meu coração para longe.
            Porém a noite em chegança, grita meu nome pela rua, me arrastando de volta para o quarto... me prende à janela como os braços de uma amante... buscando por teu olhar.
            Vem... alimenta meu peito faminto, me alucina com teus carinhos.... e corre de mim em sorrisos, como a criança que foge na esperança de ser alcançada.
            Deixa que eu te dê meu colo e te ofereça meu braço em um passeio às antigas, entre as flores das bougainvilleas e as cores das roseiras... como duas almas tomadas pela essência do amor.

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