Uma estrada enevoada, à espera de um raio de sol.
As nuvens no horizonte anunciam a montanha que sangra, um vertedouro que banha os dias e vai alagando a paisagem à volta.
Meus passos vacilantes tateiam o mistério de cada curva, sem saber a próxima estação, sem conseguir ver as pontes.
Correr é perigoso, ficar é impossível... a estrada só nos permite viver.
E viver é caminhar incansável, sob a ameaça de chuva ou esparsos momentos de um sol pálido, como se a borracha do tempo esmaecesse o vigor de seu brilho.
Será que novamente verei as fontes que lampejavam como cristal aos meus olhos e saciarei esta fúria que avassala o espírito?
Onde será que se encerra esta estrada? Ou irá como eterna jornada até o pico da montanha? Levar-me-á ao regaço da mata para provar do seu fruto ou me deixará faminto, olhando perdido o abismo?
Pisei com meus pés o barro, lancei-me nos charcos e corri pelos desertos. Como haveria de ser diferente?
Como subir aos cumes se perdido deixou-se no vale?
É seguir adiante pela bruma... na doce aventura da espera.
Beber do próprio sangue... provar o absinto dos próprios gestos... descansar na própria impaciência.
Deixar-se levar pela brisa e sonhar que a bruma esvaiu-se e que o inverno passou... andar a esmo na estrada... seguir pelo rastro do instinto... vencer cada dia numa luta extenuante... a paga de suas escolhas... até que um dia se quede, com sede em frente ao mar.
quarta-feira, 17 de março de 2010
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